O mercado publicitário e do marketing está constante em busca de ideias originais para chamar a atenção do público. Porém, às vezes, o que é visto como uma brincadeira para o time criativo não é visto com bons olhos por quem está fora dele.
A Mestres do Site mostra exemplos recentes e dá dicas para não cometer uma gafe publicitária.
A escorregada da maçã
O caso mais recente de publicidade que não foi bem recebida pelo público foi da Apple. A marca de tecnologia sempre foi vista como um sinônimo de inovação em seus produtos e em suas publicidades. Mas, desta vez, pecaram pelo excesso de confiança.
O vídeo compartilhado pelo seu CEO, Tim Cook, na rede social X (antigo Twitter) no dia 7 de maio, mostra um gigante triturador industrial esmagando uma variedade de objetos e materiais usados na criação de obras artísticas, como: instrumentos musicais, tintas, livros, lentes de câmeras, entre outros. A ideia era apresentar a potência de criação que o novo iPad Pro possui, principalmente ao levar em consideração que é o modelo de iPad mais fino da marca até então — 5,1 milímetros.
Mas, pensando no cenário atual, em que temos uma grande discussão sobre o uso de inteligência artificial substituindo o trabalho humano na criação artística, o vídeo não caiu bem. A interpretação dos usuários da rede social foi de que a tecnologia está “esmagando” a criatividade humana.
Em um comunicado, o vice-presidente de comunicações de marketing da Apple expressou que: “Nosso objetivo é sempre celebrar as diversas formas pelas quais os usuários se expressam e dão vida às suas ideias por meio do iPad. Erramos o alvo com esse vídeo e lamentamos.”
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Um recente caso brasileiro
Em fevereiro, o Burguer King, marca também conhecida por suas publicidades criativas, lançou uma campanha que não foi bem vista pelo público. Para anunciar a promoção “Exagero”, convidaram o ex-ator Kid Bengala, conhecido por atuar em produções audiovisuais adultas.
Sua fala no vídeo (que foi retirado do ar rapidamente) era “Quem disse que tamanho não é documento, nunca viu esse exagero”. O tom da campanha foi massivamente criticado nas redes sociais. A marca se manifestou alegando que o objetivo era brincar com trocadilhos e que seu público é majoritariamente jovem e maior de 18 anos.
O que é uma gafe publicitária?
A gafe publicitária é um erro cometido em uma campanha de publicidade que pode causar constrangimento, ofender um público ou prejudicar a imagem da marca. Alguns fatores que podem causá-la, são:
● Falta de pesquisa: a empresa não pesquisa adequadamente o público-alvo, a cultura local ou as questões sociais que podem ser afetadas pela campanha.
● Insensibilidade: campanhas ofensivas, discriminatórias ou que exploram temas sensíveis podem gerar grande repercussão negativa.
● Falta de clareza: mensagens confusas ou mal elaboradas podem gerar interpretações erradas e críticas do público geral.
● Exagero: promessas exageradas ou que não se conectam com a realidade do produto ou serviço podem levar à frustração dos consumidores e perda de confiança na marca.
● Falta de originalidade: ideias copiadas de outras marcas ou que não se destacam no mercado podem passar despercebidas ou gerar críticas por falta de criatividade.
● Má execução: erros de produção, edição ou divulgação da campanha podem comprometer o seu resultado final.
Nos casos citados acima, o que mais se destaca é a falta de pesquisa adequada ou mesmo de consideração com seu público-alvo. Se a Apple quer se comunicar com artistas, um vídeo destruindo objetos que foram responsáveis por diversas formas de arte por milênios não é uma boa ideia. Já o fato do Burguer King querer brincar com expressões não é ruim, mas convidar uma pessoa conhecida por realizar um trabalho que é tabu na sociedade não é o que seu público espera.
Consequências de uma gafe publicitária
Algumas vezes, a retirada da campanha e um pedido de desculpas da marca resolvem alguns problemas. Porém, uma gafe publicitária pode trazer consequências sérias para a empresa, a depender do seu teor.
● Perda de vendas: uma parcela do público insatisfeita com a campanha pode deixar de comprar os produtos ou serviços da marca.
● Dano à reputação: a gafe pode manchar a imagem da empresa e gerar desconfiança do público.
● Crise de relações públicas: a empresa pode ter que lidar com uma cobertura negativa na mídia e críticas nas redes sociais.
● Custos legais: em alguns casos, as gafes publicitárias podem até gerar processos judiciais contra a empresa.
Como evitar uma gafe publicitária
Evitar gafes publicitárias requer um planejamento cuidadoso, atenção máxima aos detalhes e a compreensão do público-alvo. Algumas dicas para evitar esse problema são:
● Pesquisa sobre o público-alvo: entender o público é fundamental para criar uma mensagem que faça sentido. Compreenda suas necessidades, valores, sensibilidades e preferências.
● Revisão cuidadosa: todas as peças publicitárias devem passar por várias revisões por profissionais qualificados, como redatores, designers e, se possível, pessoas que não estão na equipe criativa.
● Sensibilidade cultural: a marca deve estar ciente das diferenças culturais e evitar estereótipos ou referências que possam ser mal interpretadas em diferentes contextos culturais.
● Verificação de fatos: certificar-se de que todas as afirmações feitas na campanha são verdadeiras e apoiadas por evidências sólidas.
● Monitoramento das redes sociais: a empresa deve ficar atenta ao feedback do público nas redes sociais e estar preparada para agir rapidamente em caso de problema.
● Consultoria legal: em caso de dúvida sobre questões legais, a marca deve consultar advogados especializados em publicidade para que a campanha siga as regras legais necessárias.
● Aprender com as campanhas passadas: é importante analisar gafes publicitárias da própria empresa e de outras para não repetir erros passados.